“Toda verdade passa por três estágios. Primeiro, ela é ridicularizada. Segundo, é violentamente combatida. Terceiro, é aceita como sendo auto-evidente."
NOVOS ESTUDOS MOSTRAM QUE AS DROGAS PARA A AIDS SÃO TÃO EFETIVAS QUANTO A POBREZA E A DESNUTRIÇÃO.
Por
Rodney Richards - Abril 2002
Traduzido
por Mário Quilici
RESUMO
O tempo médio de soroconversão da AIDS para a morte em pessoas pobres, e que passam fome, que residem nas regiões rurais da África (sem acesso a cuidados médicos, água encanada ou eletricidade,) vivendo no Distrito de Masak, em Uganda (onde malária, disenteria e sarampo são endêmicos) não é nem um pouco diferente daquela expectativa observada em europeus, norte-americanos ou australianos que têm acesso à nutrição, cuidados com a saúde, "prolongamento da vida com " anti-retrovirils, e profilaxia contra infecções oportunistas.
Se drogas antiretrovirais forem mesmo responsáveis por melhorias dramáticas na sobrevivência dos indivíduos HIV positivos, nós deveríamos esperar uma sobrevivência dramaticamente reduzida entre aqueles indivíduos positivos que não têm acesso às drogas maravilhosas. Surpreendentemente, este não é o caso. No dia 8 de março, um número do Jornal AIDS, do Diário Médico do Conselho de Cientistas de Uganda (MRC/UVRI) publicou em relatório onde informava que, sem tratamento, os africanos infectados pela HIV estão sobrevivendo "um tempo consideravelmente mais longo do que era esperado". (1)
Na realidade, esta é uma indicação incompleta. Os ugandenses sem tratamento medicamentoso, que fizeram parte deste estudo estão sobrevivendo da mesma maneira que seus colegas HIV+ medicados que vivem no “mundo desenvolvido”. Esses dados foram publicados em 1 de abril de 2000 na revista Lancet. (2). Este estudo posterior foi conduzido pelo Grupo Colaborador, para se observar o tempo de incubação e desenvolvimento da AIDS (Grupo Colaborador) que analisaria depois, dados individuais de 13.030 indivíduos com datas conhecidas de soroconversão na Europa, América do Norte e Austrália, para que se pudesse calcular o tempo de soroconversão, evolução da AIDS e morte.
Especificamente, o tempo médio de conversão, doença e morte, foi de 9,8 anos no estudo de Uganda, se comparado com 10.1 anos para indivíduos que participaram do antigo estudo do Grupo Colaborador; o tempo mediano da soroconversão para AIDS era 9,4 e 9,3 anos para os dois estudos, respectivamente (veja nota 1).
Até mesmo e de forma milagrosa, os indivíduos infectados na idade de 15-24 anos, que participaram destes estudos, mostraram que o tempo de sobrevivência que ultrapassava 10 anos, era substancialmente melhor em ugandenses que não haviam tomado anti-retrovirais do que na sua contrapartida medicada que morava na Europa, América do Norte e Austrália (78% vs 66%).
Poderíamos pensar que estes ugandenses que vivem em zonas rurais em particular, estão vivendo bem com farta nutrição e têm todos recursos necessários para prover um ambiente que os ajudem a afastar as infecções oportunistas que surgiriam quando falhasse sua imunidade?
Os autores nos dão a resposta em um relatório separado que foi publicado dois meses antes no Diário Médico Britânico (BMJ). A "maioria da população estudada vive na mais completa miséria; a comida está sempre racionada, não há nenhuma eletricidade, e sim um excesso de pobreza”. A água fica limpa sozinha na medida em que a sujeira pousa no leito dos rios. A malária é endêmica e as infecções além do HIV, são comumente àquelas de origem bacteriana.
De forma interessante, a publicação do BMJ não faz menção sobre o tempo de evolução para a AIDS e para a morte. Os autores focalizam insistentemente os sintomas encontrados nos indivíduos infectados e, paradoxalmente, concluem que a progressão para a doença" associada com a infecção pelo HIV-1, parece ser muito rápida naquelas pessoas que vivem nas áreas rurais de Uganda." Temos que concluir que é só no mundo do HIV/AIDS que uma rápida progressão da doença está relacionada com uma sobrevivência consideravelmente mais longa." Mais adiante, na nota 3, serão discutidas as conclusões aparentemente esquizofrênicas destas duas publicações que são derivadas da mesma população de pacientes.
Em lugar de comentar a natureza contraditória dos fatos observados, os autores do estudo ugandense tentam desviar a atenção das taxas extraordinárias de sobrevivência que se observou nos seus sujeitos, enfatizando que estas taxas são "comparáveis àquelas dos tempos de sobrevivência em países industrializados antes do uso difundido de terapia antiretroviral." Tecnicamente verdadeiro, mas só porque o tempo de sobrevivência não mudou com o uso difundido de terapia antiretroviral em países industrializados!
O estudo sobre o Grupo Colaborador analisou dados de 13.030 indivíduos que tinham sofrido a soroconversão na era pré-HIV (antes de 1983), na era da profilaxia (1983-1987), na era do AZT (1987-1990), na era da monoterapia (1990-1993), e na era da terapia de combinação (HAART - 1993-1996). Ao contrário de todas as expectativas, os autores nos informam que não encontraram nenhuma evidência de sobrevivência maior do tempo de diagnostico para a AIDS em indivíduos que se tornaram soroconvertidos de 1983-96. "(2) Nenhuma diferença no período de sobrevivência ou no tempo de progressão para a AIDS nas pessoas que se tornam positivas para HIV de 1983-96, a despeito de todos os dramáticos melhoramentos nas terapias durante todos esses anos? O que isso pode significar?
Antes do tratamento com o AZT, fomos informados de que a profilaxia (Bactrim) contra PCP (pneumonia por Pneumocystis carinii) e MAC (mycobacterium avium) reduziam dramaticamente a velocidade de progressão para a AIDS e para a morte. Depois da liberação do AZT em 1987, fomos informados que o AZT reduzia dramaticamente a velocidade da progressão para a AIDS e conseqüentemente para a morte. Então em 1993, falaram-nos que a terapia combinada, reduziria dramaticamente a progressão da AIDS e, conseqüentemente, para a morte!
Na realidade, e em contraste com tudo aquilo que havia sido informado sobre as terapias com as drogas, o único grupo estudado, o Grupo Colaborador, de fato desfrutou de sobrevivência significativamente melhor dentre os indivíduos que tinham sofrido a soroconversão para HIV antes de 1983, ou seja, muito antes que chegasse a Uganda qualquer tratamento de AIDS ou tratamento profilático!
Assim é leviano dizer que a profilaxia da AIDS, o AZT, e as demais combinações de drogas para a AIDS não fizeram nada para aqueles que receberam o tratamento. Tecnicamente, não é justo dizer que a profilaxia, a mono-terapia, e a terapia combinada não fizeram nada para esses soroconvertidos naqueles anos em que estas drogas estiveram disponíveis. Temos que dizer que o efeito delas tornou as coisas significativamente pior! Os autores oferecem uma racionalização absurda para responder por esta anomalia brilhante: "A sobrevivência aparentemente melhor para aqueles indivíduos soroconvertidos antes de 1983 pode ser um artefato, porque estes indivíduos se tornaram soroconvertidos antes da descoberta do HIV-1 como o agente causativo para a AIDS." O que isso quer dizer?
Em lugar de se focalizar em 13.030 exemplos que demonstram uma falta completa de benefício para qualquer terapia anti-retroviral aplicada até 1996, os autores apresentam estes dados ao invés de mostrarem um resumo de dados sobre a sobrevivência "antes do uso difundido de HAART*". Na verdade eles querem fazer crer que com a HAART, certamente melhorar as taxas de sobrevivência. Ainda aqui, os autores não oferecem nenhum dado de seu próprio trabalho ou até mesmo uma referência de uma única publicação que nos mostre como os pacientes seroconvertidos depois da era da HAART estão lidando com as taxas de sobrevivência.
*HAART para quem não sabe é o coquetel.
Hoje, quase dois anos depois do artigo da Lancet no estudo de Grupo Colaborador, o banco de dados da PubMed ainda não lista qualquer publicação ou comentários nos resultados do estudo do Grupo Colaborador, e eu ainda não fui avisado sobre qualquer publicação que informe dados de sobrevivência ou do tempo de duração da AIDS em pessoas com datas conhecidas de soroconversão, depois de 1996, a era ostensiva da HAART.
Até mesmo se tais dados estivessem disponíveis, e se os dados fossem favoráveis à HAART, permaneceria o fato de que os 513.486 pacientes de AIDS que foram notificados ao CDC(4) antes de 1996, consumiram desnecessariamente bilhões de dólares em anti-retrovirais inúteis cuja eficiência comprometeu seriamente a qualidade de vida e talvez, até mesmo a quantidade de vida dos pacientes.
Os milhões de indivíduos e suas famílias que os amavam mereciam saber o que essas drogas agressivas promoveram na vida de seus filhos. Aqueles benefícios prometidos pela indústria farmacêutica às pessoas e às nossas instituições de saúde pública, não foram cumpridas e os jornalistas acríticos não perceberam que tudo aquilo nada mais era do que ilusão. Ninguém se deu conta que a única realidade de tudo isso foi o resultado da complacência dedicada dos pacientes de consumirem estas substâncias químicas que destruiu a sua qualidade de vida com seus terríveis efeitos colaterais sem proporcionar nenhuma solução decente. Será que nós vamos continuar a desviar nossa atenção da dor insensata daqueles que estão sofrendo em busca de uma esperança através de drogas extremamente tóxicas da era da HAART?
Enquanto os resultados dos estudos feitos com o Grupo Colaborador nos dizem que os pacientes com HIV e que estão sem tratamento em Uganda estão sobrevivendo da mesma forma que a sua contraparte que é tratada com os remédios produzidos pelo mundo desenvolvido (tais drogas são sabidamente e pode-se demonstrar isso, que são indiscutivelmente inúteis). Esse grupo não revela porque os americanos HIV positivos e europeus que têm acesso a todos os benefícios como comida, água limpa e serviços médicos, não conseguem um resultado semelhante àquele conseguido pelo grupo pobre de ugandenses. Será que há alguma coisa que pode explicar esse paradoxo?
Os ugandenses arrolados nesse estudo tinham acesso a exames regulares, prova diagnóstico, e medicamento grátis para cuidar da saúde o que poderia ter contribuído a sua sobrevivência. Porém, quando os investigadores estudaram aqueles que eram positivos para HIV e estavam naquele grupo que não tinha acesso a estas amenidades, os tempos de sobrevivência não diferiam. Os autores caracterizam estes fatos como um achado "desapontador" para o qual "eles não tinham uma boa explicação". (1) Nos parece que acesso à saúde e medicamentos é de pouca utilidade para pessoas subnutridas sem acesso à comida ou água limpa.
Pode ser então que os ugandenses que eram HIV positivo e que participaram desses estudos não são sobreviventes de longo prazo, mas vamos um pouco além, que pessoas com HIV positivos em países desenvolvidos, com acesso aos anti-retrovirais estão morrendo de maneira surpreendentemente rápida? Talvez o anti-retrovirais não sejam inúteis, mas, são de fato tão prejudiciais quanto pobreza e a desnutrição.
Para conferir esta hipótese, eu proponho um estudo onde os ugandenses recebessem condições de acesso à comida e água limpa para então avaliar as taxas de sobrevivência deles. Se tal estudo fosse feito, eu poderia dizer que nós veríamos uma sobrevivência mediana significativamente maior entre pessoas HIV positivas, uma taxa de sobrevivência que ultrapassaria de longe a contrapartida “medicada” deles no mundo desenvolvido. Mas será que tal estudo pode ser administrado? É tão pouco ético dar comida a africanos, não é?
Estas observações são consistentes com a hipótese de que os anti-retrovirais são tão efetivos para a mortalidade quanto a pobreza e a desnutrição.
Dr. Rodney Richards, PhD, trabalhou no Amgen Laboratories na fabricação do teste de anticorpos para HIV- ELIZA.
NOTAS
1-Progressão para a AIDS e morte no estudo de Grupo Colaborador foi
correlacionada de forma tada significativa com a idade da seroconversão. Dessa
forma, os autores informam progressão da doença de acordo com as faixas
etárias. O tempo mediano para evolução para a AIDS variou de 11,0 a 5,0 anos
para aqueles indivíduos com idades entre 15-24 a 65+, respectivamente,; e o
tempo mediano para a morte variou de 12,5 a 4.0 anos para os indivíduos
entre 15 a 65+, respectivamente. Baseado na distribuição de idade
dos sujeitos do estudo ugandense (1), idade entre o surgimento da
AIDS e a morte foi calculada entre 9,3 e 10,1 anos,
respectivamente, no estudo de Grupo Colaborador.
2. Estes dados são aproximações dos gráficos nas publicações respectivas. Veja Fig. 2 no estudo ugandense, e Fig. 1 no estudo dO Grupo Colaborador.
3. Os estudos ugandenses usaram o WHO Stageng System para definir progressão de doença. (WHO: Wkly Epidemiol Rec 1990; 65:221-8.) é diferente da definição de Bangui de AIDS ( Wkly Epid Rec 1986; 61:72-73.) que está baseado em sintomas clínicos sem o uso de testes de anticorpos o sistema WHO organizado, requer um teste de anti-HIV positivo. Tenat-se medir com exatidão a progressão de doença de acordo com quatro Fases. Organização 1: assintomático; Organização 2: sintomas moderados, inclusive perda de peso do menos 5%; Fase 3: perda de peso maior que 10%, ou infecções oportunistas tratáveis; e Organização 4 que são sinônimo da AIDS. A Organização 4 inclui muitas, mas não todas as doenças usadas pelo CDC para definir a AIDS.
O sistema organizando é progressivo e, conseqüentemente, quando uma pessoa progredir para a próxima fase, eles não podem voltar à fase anterior mesmo que estejam curados. Assim quando os autores informam, "só 17% dos participantes permaneceram cinco anos livres de sintomas depois de soroconversão", isto não é importante. Na realidade, a vasta maioria dos participantes pode estar na verdade livre de sintomas, como já dissemos. Um único episódio de sinusite, dermatite, ou infecção bacteriana, ou até mesmo 5% de perda de peso (por um mês), nesses 5 períodos de anos coloca o indivíduo na classificação de sintomático, indiferente se eles se recuperam ou não.
O
fato de doença progredir para as Fases 2 e 3 é notavelmente rápido,
enquanto a progressão da doença para as fazes 4 (a AIDS), ou morte, é
notavelmente lenta, e nos deixa curiosos para saber: "Qual é o
valor desta orhanização de sistemas? "
Referencias
BIBLIOGÀFICAS
1. Morgan D et al. HIV-1 infection in rural Africa: Is there a difference in median time to AIDS and survival compared with that in industrialized countries? AIDS. 2002; 16:597-603.
2.
Collaborative Group on AIDS incubation and HIV Survival including the CASCADE EU
Concerted Action. Time from HIV-1 seroconversion to AIDS and death before
widespread use of highly-active antiretroviral therapy: collaborative
re-analysis. Lancet 2000; 355:1131-37.
3.
Morgan D et al. Progression to symptomatic disease in people infected with HIV-1
in rural Uganda: prospective cohort study. BMJ. 2002 Jan 26; 324:193-6.
4. CDC. Year end HIV/AIDS Surveillance Report 1995; Vol 7:No. 2.
Retirado do site www.psipoint.com.br
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